Desde os primórdios a educação faz parte das relações humanas. O ato de educar (educare, educere) é levar uma pessoa humana de um estado psicofísico ao outro, modificando-a, amamentando-a.
Nosso sistema de ensino modifica, conduz a criança e o adolescente no processo de assimilação de nossa herança cultural, nutrindo-os com aquilo que “acham” que é bom transmitir porque faz parte da tradição.
Alguns valores fazem parte do corpo de conhecimentos necessários para se formar um cidadão crítico e autônomo, os mais citados são: justiça e igualdade. Esse é o objetivo de uma grande porção da literatura pedagógica nas últimas duas décadas, formar cidadãos autônomos e críticos, guiados pelos ideais de justiça e igualdade. O que nossos deuses do campo pedagógico, os docentes (em alguns Estados, verdadeiros bóias-frias da educação) e a quase totalidade dos pais não percebem é o perigo que se corre ao ensinar/transmitir um conceito de justiça e de igualdade restrito aos adultos da espécie humana dotados de razão, consciência de si e linguagem.
É para expandir o ideal de justiça e igualdade para além do “reino dos fins”, e formar cidadãos verdadeiramente críticos e autônomos no sentido grego dos termos que nasce a educação vegana.
A educação vegana é a ruptura com um ensino transmissor de um ideal de justiça restrito e excludente, de um ideal de igualdade fechado nos possuidores da posse plena da razão e linguagem como apregoado pela filosofia moral tradicional.
Educação vegana é o ensino do respeito a todos os animais sencientes. É o ensino de um modo de vida ético cujo princípio é a filosofia dos direitos animais, um modo de vida que reconhece a inclusão dos animais não-humanos na comunidade moral, única forma para que seus interesses sejam respeitados.
Educar para o veganismo é levar o individuo humano do estado de heteronomia moral (ou seja, da lei externa a si, criada há séculos pelos exploradores dos não-humanos) para o de autonomia moral, de coerência ética.
Educação vegana é formação de uma nova consciência, de um novo olhar e interação com o mundo que nos circunda. É um ensino pautado no respeito aos interesses dos não-humanos em não terem suas vidas abreviadas, em não perderem sua “liberdade ou autonomia para buscar livremente os meios para sua sobrevivência,” em não serem objetos de propriedade dos humanos.
Educar para o veganismo é formar uma nova geração livre do especismo, consciente de que cada animal não-humano é um indivíduo e que possui valor em si mesmo, independente da espécie que pertence.
Diferente de várias pedagogias anti-racismo e anti-sexismo que no mundo prático infelizmente não tem suas teses aplicadas como deveriam, a pedagogia anti-especismo da educação vegana é vivenciada diariamente pelos representantes desse novo paradigma educacional. É uma práxis vegana. Quem se propõe educar para o veganismo, vive o veganismo.